A Sociedade do Cansaço

O livro de Byung-Chul Han traz o impacto que os tempos modernos tem na saúde mental da população e como isso tende a alterar como os humanos se comportam. O livro é breve porém denso, assim, a leitura deve ser feita com bastante calma para absorver todos os pensamentos do autor.

Tudo começa com a explicação de como nós seres humanos deixamos a alteridade de lado para focarmos nas diferenças, tal mudança de pensamento traz impactos diretos em nosso sistema imune geral, advindo da comunicação generalizada e superinformação em que vivemos.

Antigamente viviamos em uma sociedade de proibição, mandamente e lei. Estes foram trocados pela negação e pela necessidade de desempenho. O primeiro gera loucos e delinquentes, enquanto que o último gera depressivos e fracassados, visto que a positividade do poder é bem mais eficiente que a negatividade do dever. O ser humano, em busca de ser mais livre acaba gerando adoecimentos psiquícos modernos.

A sociedade do trabalho e a sociedade do desempenho não são uma sociedade livre. A perda da capacidade contemplativa, de estar calmo vivendo um momento, é corresponsável pela histeria e nervosismo da sociedade ativa moderna. Aqui entra a definição de cansaço fundamental, que o autor traz como sendo totalmente diferente de esgotamento, no qual estaríamos incapacitados de fazer alguma coisa. O cansaço fundamental inspira, faz surgir um espírito de “não fazer”, ou seja, diz menos o que se deve fazer do que aquilo que pode ser deixado de lado e assim, desperta uma visibilidade específica.

O autor traz uma pontuação interessante relacionando os novos meios de comunicação e técnicas de comunicação que estão destruindo cada vez mais as relações pessoais fazendo com que as pessoas fiquem felizes por relacionamentos em redes sociais ficticias, isso eleva sentimentos narcisistas que por fim culminam em depressão, burnout, etc.

Atualmente, as pessoas não sabem lidar com o conflito. Em contrapartida, a concorrência é tremenda em todo campo de trabalho, o que põe em cheque o que o eu-ideal pode alcançar, deixando a pessoa fatigada de tentar. Logo, o sujeito de desempenho explora a si mesmo até se consumir por completo (burnout). O sistema capitalista mudou o registro da exploração estranha para a exploração própria.

Hoje, a vida está perdendo cada vez mais intensidade. As enfermidades psíquicas como depressão ou burnout são a expressão de uma profunda crise de liberdade.